#7 - Será mesmo que os pais sabem o que é melhor para os filhos?
Eu convido você a enxergar esta relação por novas lentes, através das reflexões que compartilho aqui.
Ontem fiquei conversando por um bom tempo com o meu filho, que já é adolescente, completa 17 anos na próxima semana. Falamos de várias coisas! No meio de um dos assuntos, ele me disse o seguinte: “meu pai fala que sabe o que é melhor para mim”.
Imediatamente, eu rebati: “e ele sabe o que é melhor para ele mesmo? Sempre? Porque eu sou sua mãe e várias vezes me vi não sabendo o que era o melhor para mim mesma… e tenho certeza que os meus pais saberiam muito menos! Acho que eles não sabem o que é melhor para eles mesmos, guiados, sem consciência, por crenças, padrões e condicionamentos que adquiriram na vida deles. E então como eles saberiam o que é o melhor para mim? Isso me parece um absurdo!”.
O Rafa seguiu me olhando atentamente e eu continuei: “o seu pai não sabe o que é melhor para você, assim como eu também não sei… você é quem vai saber o que é melhor para você! E eu tô aqui com você para te ajudar a encontrar isso e te apoiar nas suas decisões e nos resultados delas. Sem a história do “certo” e “errado”, “pior” e “melhor”. A gente aprende com as experiências, faz parte de viver e descobrir o que faz sentido ou não pra gente”.
Depois desse papo com ele, fiquei refletindo sobre algumas coisas e gostaria de compartilhar aqui com você as minhas reflexões. E achei interessante ter tocado nesse assunto com o Rafa, porque, uns dias atrás, eu estava conversando com um amigo e falamos sobre a relação com os nossos pais. E ele até citou a canção da Legião Urbana, Pais e Filhos, que tem uma parte que diz sobre os pais: “[…] são crianças como você. O que você vai ser, quando você crescer?”
Então, vamos lá…
Quero abordar uma crença social que extraí desse papo com meu filho: “os pais têm razão e sabem o que é melhor para os filhos”. Primeiro vou enfatizar o “têm razão e sabem” e depois “o que é melhor”.
CRENÇA: “Os pais têm razão e sabem o que é melhor para os filhos”
Os pais, assim como você e eu, carregam crenças, condicionamentos e padrões de comportamentos que conduzem suas vidas. As suas razões, seus julgamentos do que é certo ou errado, bom ou ruim, melhor e pior, estão restritos e baseados, portanto, em suas programações mentais e na realidade que conhecem. O fato é que talvez essa programação seja bem limitada, assim como a realidade conhecida por eles.
Assim, perceba que a razão que uma pessoa tem sobre algo está restrita ao que ela sabe e conhece, e a forma que ela enxerga as coisas - o que nada tem a ver com ser de fato certo ou errado, melhor ou pior (é apenas a visão dela).
Em um mundo cheio de possibilidades, das quais um ser humano tem condições de experenciar apenas uma pequena parte destas, não me parece fazer sentido acreditar que alguém tem a razão para saber e definir o que é melhor para outra pessoa - mesmo que seja o pai ou a mãe. Afinal, nenhum ser humano se torna superior e passa deter de poderes mágicos de advinhação apenas por ter se tornado pai.
E talvez você tenha pensado: “mas e a idade? As pessoas mais velhas não sabem mais?”. E eu digo a você que não, não necessariamente. Saber mais não está ligado a viver mais, mas a experenciar mais coisas, coisas diferentes. E será que podemos afirmar que toda pessoa que vive mais experencia mais coisas? No meu ponto de vista, não necessariamente. E mesmo que vivencie muitas coisas diferentes, será apenas uma pequena parcela de todas as possibilidades existentes no mundo, e vista com as lentes da própria pessoa.
Então, eu não acredito que os pais têm razão e sabem o que é melhor para os filhos (alguns não sabem nem o que é melhor para eles mesmos). E acho, inclusive, que é uma crença periogosa, não só pela possibilidade de guiar os filhos por um caminho que não desejam (é um caminho desejado apenas pelos seus pais), como também pelo poder que tem de gerar uma interferência no resultado das escolhas dos filhos, quando forem diferentes daquilo que é desejado pelos pais.
Explico melhor. Alguns pais, que se acham os detentores da razão, e tentam convencer seus filhos a seguirem o tal do “melhor caminho”, podem acabar, neste processo, inserindo crenças no subconsciente deles (na programação mental). Coisas do tipo: “o melhor para você é isso aqui! Isso aí que você quer não vai dar certo! Me escuta!!! Eu sou seu pai e sei o que é melhor pra você!” - daqui para pior. E daí o filho pode até seguir o que ele realmente deseja, não seus pais, mas a voz dos seus pais pode ficar ressoando no seu subconciente, vibrando em uma frequência oposta ao seu verdadeiro desejo, que é fazer dar certo. E o que pode acontecer? A “profecia” dos pais pode se realizar. E é por que eles têm razão? Não! (por favor, para o seu bem, não acredite mais nisso! Nem na verdade dos seus pais e nem de mais ninguém). Vou explicar a você o que acontece.
Não sei se você sabe, mas tudo é feito de energia. De acordo com a física quântica a menor partícula de um átomo é um vórtice de energia invisível (louco pensar que a matéria é uma forma de energia que não é física, não é mesmo?) . E a energia produz ondas vibracionais que emitem frequências. Estas frequências formam um campo vibracional, onde este campo atrai para si tudo que vibra na mesma frequência (aí que acontece a famosa força da atração, que eu aposto que você já ouviu falar, que ficou bem conhecida pelo livro “O Segredo” de Rhonda Byrne).
Os nossos pensamentos e sentimentos também emitem uma frequência vibracional, e consequentemente atraem o que está vibrando na mesma frequência (lembre-se que tudo é energia - e isso aqui não é um papo espirítual, é ciência). Assim, perceba, o que pensamos e sentimos têm o poder de criar a nossa realidade. Então, se pensamos coisas ruins, se vibramos nos nossos medos, vamos atrair o que estiver em consonância com esta frequência.
Um outro dado interessante. Cerca de 95% do nosso comportamento é guiado pela nossa programação subsconciente (que é formada pelas nossas crenças, padrões e condicionamentos que adquirimos dos nossos pais e no decorrer das nossas vidas) e apenas cerca de 5% pela nossa programação consciente, que representa o que nós realmente queremos, conscientemente.
Acho que até aqui você já deve estar entendendo onde eu quero chegar.
Se as vozes das imposições dos pais, que foram contrariadas, ficarem ressoando no subconciente do filho, que decidiu seguir um caminho diferente, e ele fica vibrando internamente nessa frequência oposto ao que deseja (talvez por medo de seu pai ter razão, culpa de não ter seguido o que ele falou e achar que isso pode ter sido um desrespeito), a sua escolha não vai dar certo mesmo. E, de novo, não é porque os pais têm razão, e sim porque o comportamente dele está sendo guiado em grande parte pela sua programação subsconciente (cerca de 95%, pensa!) e atraindo o que está vibrando, pensando e sentindo (e não o que realmente quer).
E podemos carregar essa mesma lógica para muitas questões que algumas religiões pregam, com uma figura de um Deus punitivo, que vai castigar você se não fizer o que é imposto como “certo”. Na verdade, penso, que é você mesmo que atraí a tal punição por acreditar nela, por sentir culpa e medo quando faz o que não é o tal do “certo”. E, da mesma forma, eu acho que os “milagres” acontecem, porque acreditamos e cocriamos isso na nossa vida. Acredito que Deus habita dentro de nós e o poder de criar a nossa realidade, sejam as punições ou os milagres, é nosso.
Para fechar este item. Entenda que não atraímos a realidade que desejamos, mas, sim, a que vibramos. E é aí que nossa programação subconsciente entra em jogo. Ela conduz nossos pensamentos e sentimentos. Um conselho: trabalhe nela! Começe não adquirindo as crenças, e verdades, das outras pessoas, nem mesmo dos seus pais (e se você tiver filho, atenção como fala com eles). Você é capaz de cocriar tudo o que deseja conscientemente, se trocar suas crenças limitantes por crenças fortalecedoras, que auxiliarão você a alcançar o seu máximo potencial. Faça isso por você! Faça isso porque você merece ser feliz :)
CRENÇA: “Os pais sabem o que é melhor para os filhos”
Agora vou falar especificamente sobre o tal do “melhor”. O que é o melhor?
O conceito do melhor vai partir também da visão de mundo que cada um carrega, de suas crenças, condicionamentos e padrões adquiridos no decorrer da sua vida. E aqui acho que nem preciso explicar tudo novamente. Você já entendeu o ponto. O melhor pode ser relativo para cada pessoa. Contudo, quero trazer um outro ponto sobre esse tal “melhor”, além dos conceitos que cada um carrega sobre o que seria o melhor para seus filhos.
Partindo de um ponto de vista social, como somos educados, as coisas podem ser caracterizadas como: boas ou ruins, melhores ou piores, certas ou erradas. Só que existe algo que é ignorado nesses conceitos, como o fato de que o ruim, o pior e o errado, que, como já entendemos, partem de um ponto de vista pessoal, são experiências necessárias que precisam ser vividas para se ter clareza do que é do nosso agrado ou não, faz sentido para nós ou não.
Pense no seguinte:
Quantas coisas na vida você precisou fazer para descobrir se realmente gostava ou não? Se faziam sentido para você ou não? E que sem fazê-las você nunca teria descoberto.
Quantos caminhos você trilhou acreditando que eram os “certos” e “melhores” mas não foram para você?
Quantos caminhos “errados” você trilhou que o levaram para lugares incríveis depois? E que talvez sem eles você não teria chegado neles.
Note, então, que quando os pais querem determinar as experiências que os filhos devem ter, seguindo seu próprio script do que seriam as melhores coisas, eles estão privando os filhos de descobrirem, por eles mesmos, o que faz sentido para eles, o que eles realmente gostam de fazer e querem viver.
E aqui abro parênteses para deixar claro que não estou falando de uma criança ou um adolescendo decidir coisas das quais ele não tem capacidade ou não pode decidir, ok? Os pais devem educar seus filhos, impor limites e transmitir seus valores. Uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa.
Ademais, percebo que a sociedade, de forma geral, vê “erros” e “fracassos” como algo muito ruim, gerando um medo muito grande nas pessoas de errarem. Errar faz parte, gente! Às vezes fazemos escolhas que talvez não sejam as mais alinhadas com o que queremos, ou que não geram o resultado que almejamos… e ok! É só recalcular a rota e seguir.
Bom, é isso! Poderia escrever um livro sobre esse assunto, mas finalizo minhas reflexões por aqui. Espero que meu texto tenha ajudado você a pensar fora da “caixinha”, adquirindo novas lentes para ver algumas situações da vida de forma diferente. Até a próxima :)